Um ranking recém divulgado pelo Fórum Econômico Mundial faz a comparação entre 141 países e, assim, permite calcular em quais deles o turista gasta mais.
Nessa equação, entram não apenas fatores como o custo de vida mas também o valor de impostos, inclusive as taxas aeroportuárias.
A BBC Mundo (BBC em espanhol), pediu a Tom Hall, diretor editorial dos guias de viagens Lonely Planet, que fizesse uma análise desse ranking turístico.
“É preciso se levar em conta que o preço é um indicador importante, mas não é o único na hora de se decidir sobre essa ou aquela viagem. Além disso, todos os lugares têm opções caras e baratas. Os preços de um hotel de luxo em um país barato podem se assemelhar ao de um albergue barato em um país caro.”
Os cinco países mais caros
1. Suíça
No topo do ranking, a Suíça tem voos e hotéis caros – a média da diária fica em torno de US$ 241 por noite.
Esse fator também influencia no quesito do ranking do Fórum que diz respeito ao custo de vida, já que o país fica na posição 137°, entre as 141 das nações analisadas.
Os cerca de 9 milhões de turistas que viajam todos os anos para a Suíça gastam em média US$ 1.882 durante a estada.
“A Suíça tem uma excelente infraestrutura turística, com uma série de vantagens que permitem baratear os custos se a viagem for planejada com antecedência. Há muito para se ver, dos Alpes à arquitetura de Zurique, mas a realidade é que, para muitos, o custo da viagem significa que a Suíça é um país para se viajar uma vez na vida”, disse Hall.
2. Reino Unido
O Reino Unido é outro badalado destino turístico, que atrai anualmente cerca de 31 milhões de pessoas, que gastam em média US$ 1.300.
Apesar disso, a infraestrutura britânica também dá margem a escolhas que podem se adaptar a turistas de poder econômico distintos.
O valor médio da diária é de US$ 139, um pouco mais da metade do valor na Suíça. Isso coloca o Reino Unido no 156º posto no quesito gasto com hotéis do ranking.
Isso significa que um turista em um hotel britânico vai gastar 10% a mais do que um nos Estados Unidos, que está em 123° nesse quesito. Além disso, em itens como compras, o Reino Unido também apresenta uma grande variedade de preços.
“Londres é uma cidade que precisa ser visitada. O transporte é caro e os espetáculos também. Mas se pode baratear ambos com um pouco de planejamento – e a oferta de restaurantes é super ampla, se adaptando a quase todos os bolsos”, comentou Hall.
3. França
Apesar de sua fama de cara, a França recebe quase 85 milhões de turistas por ano. O gasto médio é de US$ 669.
Duas das 10 razões apresentadas no ranking para situar a França nessa posição são voos e hotéis.
Um hotel pode custar, em média, US$ 219 – a França está na 93ª posição.
Mas Hall, novamente, destaca as diferentes possibilidades de turismo no país. “Um restaurante pode sair caríssimo. Mas uma baguete com um bom vinho francês às marges do Sena sai bem barato e pode ser bem mais interessante.”
4. Austrália
Com mais de 6 milhões de turistas, o custo médio fica entre os mais caros: US$ 4.897.
O alto preço das passagens para turistas de quase todo o mundo – exceto os que vivem na região – atingem o país no ranking e o deixam em 127° lugar.
As distâncias imensas dentro do próprio país também acrescentam um custo adicional para o turista que quer conhecer várias cidades. Os hotéis são mais razoáveis: cerca de US$ 162.
5. Noruega
O gasto médio dos 4,7 milhões de turistas por ano é de US$ 1.198. O país está em 21º no item custos de voo e em 67º no quesito hotéis, sendo que o custo médio da diária é de US$ 151.
Mas o fato que realmente pesa e que faz a Noruega estar no top 5 dos mais caros é o custo de vida, especialmente em itens como valor do combustível.
“A Noruega é um país maravilhoso para se fazer caminhadas nas montanhas ou andar de bicicleta na zona rural. Já os centros urbanos são caros. Mas, como na Suíça, um planejamento adequado pode baixar bastante as despesas.”
Os cinco mais baratos
1. Irã
Problemas políticos e dificuldade para se conseguir um visto estão entre os principais obstáculos pra se viajar ao Irã, ainda que a situação esteja melhorando nas duas coisas.
O acesso por avião e a paridade do poder aquisitivo estão entre os mais baratos: segundo e sexto lugar, respectivamente.
O preço baixo da gasolina é um atrativo adicional ao país, que recebeu 3 milhões de visitantes em 2013.
“Se ao baixo custo acrescentarmos tudo que o país tem a oferecer em termos de arquitetura, história, arqueologia, hospitalidade da população… é uma país imperdível”, analisa o editor do Lonely Planet.
2. Indonésia
Hall lembra que o país tem uma oferta muitíssimo variada em termos de turismo, que o transformou em um dos destinos favoritos para viajantes que buscam alternativas aos pacotes turísticos fechados.
“Nesse sentido, oferece uma alternativa diferente e uma série de vantagens, com praias e esportes aquáticos que se pode praticar por preços bem razoáveis.”
Com quase nove milhões de turistas, a indústria do turismo no país teve um salto de desenvolvimento entre os anos 60 e 70, quando se transformou em um destino obrigatório para o turismo alternativo.
Assim, o país é muito competitivo em termos de gastos com voos, hotéis, aeroporto e até combustível (14° neste quesito).
3. Egito
A Primavera Árabe e a instabilidade dos últimos dois anos afetaram o fluxo de turistas no país. Mas, ainda assim, o turismo segue sendo um dos pilares na economia nacional, e o país recebe atualmente 9 milhões de visitantes ao ano, que gastam em média US$ 659.
O país está entre os mais baratos em quesitos como hotelaria (7º lugar) e gasolina (11º).
4. Índia
O país está no topo de destinos de viajantes alternativos desde os anos 60 e vem presenciando um forte salto de desenvolvimento no mercado turístico.
Com mais de 7 milhões de visitantes anuais, vem sendo chamado de a nova China.
“Se a ideia é gastar pouco, é um lugar ideal, porque o transporte é muito barato, a comida na rua é boa e os hotéis são bastante econômicos em qualquer cidade do país”, afirma. “E se a pessoa pode gastar mais, a Índia também oferece tudo o que um turista com dinheiro pode vir a querer.”
5. Tunísia
Apesar de ter formado, nos últimos anos, um cenário não muito animador em termos de turismo (foi o berço da Primavera Árabe), a Tunísia conseguiu dar a volta por cima nesse quesito melhor que outras nações da região.
Com mais de 6 milhões de turistas anuais, o gasto médio é bem baixo: US$ 349.
O desenvolvimento turístico beneficia tanto quem comprou excursões fechadas para o país como para os que querem viajar por conta própria. Em ambos os casos, os preços são bem razoáveis.
“Lá é possível se fazer um safári, conhecer praias, lugares históricos e também praticar esportes de inverno. É um destino muito completo e por um preço bastante competitivo”, explica Hall.